Antibióticos e antifúngicos

Principais questões sobre uso desses medicamentos no período neonatal

Sistematizamos as principais questões sobre uso de antibióticos e antifúngicos no período neonatal abordadas durante Encontro com a Especialista Dr.ª Roseli Calil, médica neonatologista da Unicamp, em 29/08/2019.

O fato que nos motiva a discutir sobre esse tema é que a sepse neonatal, tanto a precoce quanto a tardia, quando não tratada, causa uma elevada mortalidade e isso leva ao medo do óbito neonatal por parte de todos os profissionais da saúde. Esse temor leva ao exagero no diagnóstico e a tratamentos muitas vezes desnecessários. Cada vez mais sabemos que essa estratégia de uso de antibióticos não é inócua, pois ela aumenta o risco de sepse tardia, aumenta a emergência de bactérias multirresistentes, de enterocolite e também de óbitos.

Atualmente, já possuímos dados nacionais sobre a microbiota prevalente em nossas unidades neonatais, o que nos orienta na definição do melhor esquema antimicrobiano, e conhecemos os principais fatores de risco para infecções no período neonatal e a importância de removê-los sempre que possível. A grande mensagem que devemos registrar é que risco de infecção não é doença. O risco serve para elevarmos nossa observação clínica para iniciar o antimicrobiano especialmente naquele que possua sintoma clínico e seu fator de risco.

Dessa forma, especialmente nas sepses tardias, ressalta-se a grande importância de melhorarmos as práticas para reduzir ao máximo os procedimentos invasivos (ventilação com tubo endotraqueal, cateteres centrais, nutrição parenteral etc.) e, dessa forma, evitar as infecções dos dispositivos e contribuir para o uso adequado de antibióticos em nossas unidades.

Ressalta-se também a importância do aleitamento materno para a melhoria da microbiota dos recém-nascidos e, por conseguinte, reduzir a translocação microbiana; a importância da coleta de culturas de material nobre para diagnóstico apropriado das infecções; a importância da não valorização do hemograma e PCR como dados isolados para início ou manutenção do uso de antibióticos; a importância das melhorias estruturais, da boa comunicação entre equipe médica, de enfermagem, de controle de infecção e de laboratório para que o diagnóstico seja feito da forma mais apropriada possível, e que a descontinuidade do antibiótico seja sempre feita quando a infecção for descartada.

Fonte: http://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/

neonatais

Other posts

Leave a Reply